Comando Vermelho teria pago R$ 14 mil para “bancar” festa de servidores, aponta investigação
Fiscais da Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá (SORP) teriam recebido o pagamento de R$ 14 mil do Comando Vermelho para custear uma comemoração interna, em troca de facilitação de licenças e alvarás em casas de festas na capital. A informação está presente no relatório de investigação da Operação Ragnatela, deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT).
Segundo o documento, no dia 13 de agosto de 2022, um dos alvos da operação, o ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá Rodrigo Leal, mandou uma mensagem no grupo da facção enfatizando a importância de cumprir o pedido, afirmando que garantiria uma situação favorável e evitaria problemas futuros para o grupo.
Ainda de acordo com o documento que guiou as investigações, Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “Willian Gordão” (dono do Dallas Bar), Elzyo Jardel Xavier Pires (promoter) e Rodrigo Leal contavam com um grupo de fiscais da SORP que facilitaria a concessão de alvarás e licenças para eventos na capital, usados para camuflar a lavagem de dinheiro feita para a facção criminosa.
No relatório é mencionado um trecho da conversa na qual Rodrigo insiste em manter o acordo. “Foi a festa dos fiscais ontem, cara, eles pediram isso aí. Os caras nos ajudam direto. Entendeu? Você já fechou o evento de ontem, senão tira por fora aí. Metade, tira metade hoje. Já paga logo, já fica livre”, teria dito o investigado.
Por meio da quebra de sigilo bancário, foram identificadas transações de R$ 14.950,00, divididas em vários valores, oriundas da conta de Willian Gordão para outra investigada, esposa de um dos integrantes do grupo.
Operação Ragnatela
Aproximadamente 400 policiais cumpriram oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.