Política

Itamaraty dá “missão” à embaixadora do Brasil nos EUA para conter ofensiva de Eduardo Bolsonaro contra Moraes

A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Ribeiro Viotti, foi encarregada pelo Itamaraty de agir nos bastidores diplomáticos para neutralizar os esforços do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tenta obter apoio do governo Donald Trump para impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusações de abuso de autoridade.

Viotti intensificou nas últimas semanas conversas com diplomatas norte-americanos e interlocutores influentes no Departamento de Estado, especialmente ligados ao senador Marco Rubio, figura-chave da política externa dos EUA. A diplomata tem argumentado que qualquer sanção imposta a autoridades brasileiras — em especial do Judiciário — representaria interferência inaceitável em assuntos internos e poderia afetar as relações bilaterais.

A movimentação surge em meio a crescentes críticas internacionais às ações de Moraes, apontado por opositores como protagonista de medidas judiciais que violariam garantias constitucionais, como liberdade de expressão e devido processo legal. Do outro lado, o governo Lula tenta preservar a imagem do Brasil no exterior e evitar atritos com a administração republicana, que pode retornar ao poder em 2025.

Viotti, primeira mulher a ocupar a chefia da embaixada brasileira em Washington, foi indicada ao cargo em 2023 e já teve contato direto com a cúpula trumpista ao representar o Brasil durante a posse de Trump em 2017. Seu papel, agora, é o de articuladora para blindar Moraes e outros ministros do STF de pressões externas que Eduardo Bolsonaro e aliados vêm articulando com conservadores nos Estados Unidos.

O episódio lança mais um capítulo na crescente tensão entre o Executivo, o Judiciário e setores da direita brasileira no exterior — com implicações diretas para a diplomacia e a estabilidade institucional do país.