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Bolo com arsênio 2,7 mil vezes acima do aceitável: perícia aponta envenenamento deliberado

A investigação sobre o caso do bolo envenenado que resultou na morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Rio Grande do Sul, revelou uma quantidade alarmante de arsênio no alimento: 2,7 mil vezes acima do limite considerado seguro. Segundo Marguet Mittmann, diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do estado, a contaminação foi intencional, descartando qualquer possibilidade de origem natural.

As análises foram conduzidas com base em 89 amostras de farinha utilizadas na receita, além de exames detalhados dos corpos das vítimas. “Foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio no sangue, urina e conteúdo estomacal das vítimas. Uma das concentrações era 350 vezes maior do que o limite tolerado pela literatura médica. Não há como isso ser acidental”, afirmou Mittmann.

O crime

A principal suspeita, Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli Terezinha Silva dos Anjos, de 61 anos, foi presa no domingo (5). Zeli, que preparou o bolo e o levou para a confraternização de Natal, está internada em estado grave na UTI.

O envenenamento resultou na morte de Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos; sua filha, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos; e sua irmã, Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos. Outras três pessoas foram internadas devido à intoxicação.

Deise, que tinha desavenças com Zeli, é acusada de adulterar o bolo antes da confraternização. Os advogados de defesa declararam que aguardam acesso completo aos autos para se manifestar.

Arsênio: o veneno mortal

O arsênio é um elemento químico amplamente conhecido por seu alto potencial tóxico em doses elevadas. Originalmente usado como pesticida e em processos industriais, o composto tornou-se infame como um veneno letal.

Os sintomas de intoxicação incluem vômitos, diarreia severa, dor abdominal, e, em casos mais graves, insuficiência vascular e parada cardíaca. A exposição a níveis tão altos, como os encontrados no bolo, é fatal.

O caso segue em investigação, com foco em entender a motivação do crime e os detalhes da execução. A polícia trata o incidente como um ato deliberado e premeditado.