Política

ALMT debate a reabertura de postos de pesagem de cargas

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou na segunda-feira (4), audiência pública com o objetivo de debater a reabertura das balanças nas praças de pedágio nas rodovias de Mato Grosso. A audiência foi requerida pelo deputado Gilberto Cattani (PL), após o governo do estado anunciar ainda para este ano, a instalação de postos de pesagem de cargas na MT 235, no trecho entre Nova Mutum a Santa Rita do Trivelato e de Campo Novo do Parecis a Sapezal.

A notícia não agradou os produtores rurais, associações e sindicatos que debateram a inviabilidade das instalações dessas balanças no estado. “Quero deixar bem claro que os pesos das carretas são controlados por uma lei federal, estamos falando de um estado agrícola, onde o transportador rodoviário de carga cumpre a lei do peso bruto total, isso nós concordamos. Agora, o governo do estado querer reativar as balanças para multar o excesso do peso entre-eixo, que às vezes acontece da carga móvel, ou grão se movem dentro da carreta, e acusar um pequeno excesso, e isso somos contra”, declarou o presidente do Sindicato da Empresas de Transportes de Carga no Estado de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Amorim.

O diretor administrativo e presidente da Associação do Pró-Asfalto Sorriso e Ipiranga do Norte (Apasi), Nodimar Corrêa, disse que voltar a funcionar a balança é um anseio do governo do estado, que tenta desde 2016, época em que foram desativadas, fazer com que elas voltem a funcionar. 

“Na época achávamos que a ideia era boa, mas, vimos que mantê-la em funcionamento era complicado, pois a aferição dela só ocorria em São Paulo, além da obrigatoriedade do funcionamento 24h por dia e ter a disposição servidores para controlar tudo isso. Portanto, ela é inviável. É claro que existem alguns problemas isolados. A volta da balança somente irá dificultar a vida do produtor rural, que colhe debaixo de chuva, e o peso da tonelada da soja muda conforme a variedade. Vai prejudicar muito os agricultores”, enfatizou. 

Ele disse ainda que, “as balanças tem mais de 20 anos, não irão funcionar adequadamente, somente atrapalhar (caso reativadas). Temos a obediência com a fiscalização que o estado tem com o contrato, porém tudo pode ser alterado. Nessa praça de pedágio já tivemos uma quebra de paradigma, a balança quando começou a funcionar era tudo por conta e risco do produtor rural. A manutenção e conservação da praça de pedágio do município de Sorriso é de responsabilidade da Apasi. Teremos que bancar as despesas e operação da balança, mas a autuação seria de um funcionário público do estado do Mato Grosso, e, hoje, não tem esse funcionário”, explicou Nodimar Correia.  

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, que também é produtor rural, acredita que toda medida para fazer a conservação de uma rodovia é bem-vinda, porém é preciso coerência. 

“Mato Grosso é um estado que se desenvolveu na agricultura. Primeiramente essas estradas, muitas delas, foi o próprio produtor quem abriu, que conservou, que transformou a região num polo de produção de alimentos e de geração de riqueza e de arrecadação. Nós tememos que a instalação dessas balanças afete principalmente o tráfego. O produtor rural, na sua maioria, não tem balança dentro da propriedade e não tem como pesar esse caminhão antes de chegar no armazém. No período da safra é crucial cada minuto, em um estado que chove muito e o produtor precisa colher a noite e usar essas rodovias. Se a balança estiver inoperante durante o período da noite, por exemplo, ele vai perder a sua colheita e consequentemente o estado também vai perder a arrecadação”, contextualizou Lucas.

Durante a audiência pública, o secretário-adjunto de Logística e Concessões da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), Caio Albuquerque, explicou que a pesagem de veículos em rodovias é uma prática que decorre de previsões expressas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com efeito, a necessidade de obediência aos limites de pesos e dimensões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (Conatran).

“O Governo de Mato Grosso acredita que do ponto de vista legal, existe uma previsão no Código de Trânsito Brasileiro com relação ao peso máximo que você pode trafegar nas nossas rodovias, tanto as concedidas, que tem pedágio, como as rodovias estaduais. O CTB já prevê isso, existe regulamento do Conatran (Conselho Nacional de Trânsito), que também trata sobre a esse excesso de peso que deve ser evitado nas rodovias e por isso a instalação de balanças, que é de competência do estado fazer a fiscalização, para que os veículos trafeguem com peso acima do limite permitido”, disse Albuquerque.

“Existe, obviamente, limite de tolerância com relação a isso, de alguns percentuais em relação a esse peso que pode ser utilizado, mas é necessário também que haja uma fiscalização, de competência do Estado de Mato Grosso, tanto nas rodovias estaduais como nas rodovias concedidas, e que servem igualmente para as rodovias federais. Todas aquelas que são concedidas e pedageadas possuem a previsão da instalação dessa aferição dos pesos dos veículos que passam por elas. A pesagem serve tanto para a segurança viária, porque existe um excesso de peso que pode gerar danos ao pavimento e também às pessoas que trafegam nela, já que, aumentando os buracos, aumenta-se as dificuldades de locomoção”, explicou o representante da Sinfra.

O deputado Gilberto Cattani, no final da audiência pública, explicou que diante das declarações de não aceitação da volta dos postos de pesagem de cargas em Mato Grosso por parte dos produtores rurais, concessionária, sindicatos que representam a classe e sociedade, vai convocar todos os setores e levar a demanda para o governo do estado.

“Vamos convocar uma comissão de cinco pessoas e apresentar ao governador o relatório da audiência e solicitar a ele que as balanças não sejam reativadas. As concessionárias, transportadores, produtores e os civis não querem a reabertura das balanças. Nós tivemos um período de tempo onde as balanças funcionavam e geravam transtornos, como tráfego e estradas ruins. Tirou-se as balanças, e o trânsito ficou mais fluente e sem multas”, argumentou o parlamentar. 


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