Tragédia em Mianmar: terremoto histórico deixa mais de 1,7 mil mortos e país entra em colapso
O terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar na última sexta-feira (28) já é considerado o desastre natural mais mortal da história do país. Com mais de 1.700 mortos, 3.400 feridos e ao menos 300 desaparecidos, segundo a mídia estatal, a tragédia escancarou o colapso de uma nação já fragilizada por isolamento internacional, guerra civil e infraestrutura precária.
O epicentro do abalo sísmico foi próximo à cidade de Mandalay, a segunda maior do país e um importante centro religioso e cultural. Além de Mianmar, Tailândia e China também sentiram os efeitos dos tremores. Em Bangkok, capital tailandesa, um arranha-céu em construção desabou, deixando 18 mortos e dezenas de pessoas soterradas.
País em ruínas
Governado por uma junta militar desde o golpe de Estado em 2021, Mianmar enfrenta um cenário de guerra civil e isolamento diplomático, o que complica ainda mais os esforços de resgate. O terremoto derrubou pontes, edifícios e hospitais, além de danificar seriamente aeroportos e estradas fundamentais para a chegada de socorro.
A torre de controle do aeroporto de Naypyitaw, a capital, veio abaixo com os tremores. Em Mandalay, moradores desesperados tentaram retirar escombros com as próprias mãos na tentativa de salvar vizinhos e familiares, já que as equipes de resgate demoraram a chegar.
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que muitas unidades de saúde foram destruídas, agravando a crise humanitária. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) emitiu um alerta vermelho, estimando que o número de mortos pode ultrapassar 10 mil.
Um país vulnerável
Mianmar, que tem 40% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial, já enfrentava um colapso nos serviços públicos antes do desastre. A instabilidade política, o conflito armado e a repressão da junta militar enfraqueceram ainda mais a capacidade de resposta do país.
Com energia, internet e telefonia interrompidas em diversas regiões, o desafio agora é coordenar esforços internacionais de ajuda humanitária. No entanto, o isolamento diplomático da junta no poder dificulta a entrada de apoio estrangeiro.
Enquanto isso, a população sobrevive como pode, escavando com pás e mãos nuas, em meio a uma devastação que promete marcar a história recente da Ásia com um dos mais trágicos terremotos da década.